Os corruptos querem uma justiça ‘a la carte”; subserviente, à sua medida, aos seus jeito e agrado.
Servem a prescrição dos crimes e delitos, a insuficiência de indícios, as dádivas milionárias incoerentes de amigos de ocasião, a riqueza vultuosa de proveniência comercial mas de causa injustificada, entre muitos outros insultos à nossa inteligência e, pior, os assaltos à nossa carteira.
A fraqueza moral e sexual, a incompetência, a arrogância, a pose altiva, a sobranceria perante os factos, os egos inchados, a ignorância da História e o sistema legal e penal garantístico, moroso e burocrático, fazem-lhes o obséquio de conceder atos de contrição.
Perante o escândalo e na iminência da perda do poder eleitoral, a oligarquia veio anunciar uma súbita lei punitiva do enriquecimento ilícito dos titulares políticos e cargos públicos, augúrio de engano certo, batizada de “ocultação de riqueza”.
A história recente da corrupção foi-nos contada sob o disfarce de investimento do Estado, obras estruturantes, orçamentos suplementares e despesa pública, derrapagens, economia social, imparidades e muitos outros roubos aos contribuintes.
O que deveria ser básico, bastando uma mínima inteligência, seria a de que os eleitores jamais votassem nesta cáfila que abunda na política.
Os corruptos conhecem-se facilmente, vivem e gozam fartamente sem conhecido trabalho ou meios próprios, ostentando carros de alta gama e luxos acima dos seus méritos e das suas capacidades, vidas fáceis e faustosas, altos cargos inúteis com ordenados milionários no funcionalismo público e político, fazendo diariamente nada e aumentando a pança, cursos manhosos e habilitações de vão de escada, vidas noturnas passadas em esplanadas e discotecas, com influências escusas e padrinhos ajeitados.
A mudança por meios pacíficos é inviável, os cidadãos não estão dotados de capacidades para a fazer acontecer, porque a grande maioria luta no limiar da sua sobrevivência, e a minoria privilegiada vive engajada e apascenta neste estado de coisas.
A corrupção é a expressão natural desta democracia do faz de conta, o injustiçado será sempre o Povo, servindo à função de pagar a conta e ser destratado.
E só se muda neste país quando alguém da cadeira, mas para ficar tudo na mesma.